A tendência normal
da população é crescer, nascendo mais pessoas do que morrendo. Assim, com mais
pessoas, mais livros são lidos, ocorrem mais acessos a Internet, mais pessoas
trabalham, fazem compras, vão ao cinema, e frequentam suas religiões ou
entidades filosóficas e altruístas.
No Estado de São
Paulo tivemos um aumento da população entre os Censos de 2000 e 2010 de 11,4%
e, dos 645 municípios 542 tiveram aumento (84%) e apenas 103 (16%) apresentaram
queda na população. Também os espíritas nesse estado tiveram um aumento
expressivo de 74%.
Dessa forma, se o
Centro que você trabalha ou frequenta não apresentou nos últimos anos um
aumento de pessoas nas reuniões públicas e em outras atividades é sinal de
alarme. Devem ser estudadas as possíveis causas e tomadas às medidas para a
normalização.
É uma grande
responsabilidade administrar um Centro Espírita, tanto do ponto de vista legal
e cívico, como sob a ótica moral e espiritual. O objetivo dos gestores será
sempre obter o máximo de resultados com o menor contingente de recursos. Isso
significa atender bem o maior número de pessoas possível.
Na busca das
possíveis causas de o Centro não ter apresentado crescimento, os dirigentes
irão enfrentar o desafio de procurarem realmente as razões mais plausíveis que
influenciaram de fato para que a instituição não tenha conseguido aumentar a
participação de pessoas, ou tenha conseguido em índices baixos. A tendência do
ser humano é se defender e procurar mais se justificar do que encontrar
soluções, por isso devemos invocar nossos melhores sentimentos visando o bem
maior e comum a todos os envolvidos, do que os nossos próprios interesses.
O primeiro ponto a
ser analisado é como as pessoas se sentem na casa. O clima que domina o ambiente
é transmitido pelos dirigentes e mais ou menos reforçado pelos trabalhadores.
Refletem a prioridade dos valores comuns. Em um Centro, por exemplo, os
dirigentes podem dar mais importância à disciplina do que a fraternidade. Em
outro, podem valorizar mais o dever (obrigação) do que o ideal (fazer por
amor). O relacionamento com o público pode ser até correto, eficiente e
educado, mas mesmo assim ficar longe do sentimento de fraternidade e de amizade
com sua carga de afeto característica.
O segundo ponto a
ser ponderado é o conteúdo e o tipo de comunicação que o Centro produz. Não é
fácil de ser analisado, pois nos acostumamos com a instituição que trabalhamos
e deixamos de perceber o que ela comunica aos seus participantes.
Tudo transmite e
contribui para a formação da cultura de cada casa e a da imagem que todos criam
da instituição e da própria doutrina. A fachada da casa, seu jardim, sua
percepção de limpeza, sua decoração e, naturalmente, o comportamento dos seus
dirigentes e trabalhadores. O tom utilizado nas conversas e nas palestras pelos
principais formadores de opinião, acabam sendo imitados inconscientemente pela
maioria dos trabalhadores sem que eles consigam notar esse padrão, que por
vezes pode ser bastante inadequado, como o tom piegas, autoritário, de
admoestação, de deslumbramento etc.
Uma análise
interessante pode ser feita, verificando quem é o público do Centro. O tipo
predominante das pessoas que foram atraídas para a instituição tende a refletir
o que realmente a casa está comunicando no conjunto de suas ações. Um Centro
autoritário que prioriza a disciplina tende a atrair pessoas condicionadas a
obedecer e nunca questionar ou divergir. Centro focado apenas no âmbito
religioso tende a reunir pessoas com a mesma mentalidade. Centro que não busca
outros conteúdos e sua comunicação não sai do lugar comum, costuma atrair
pessoas sem interesse intelectual.
De qualquer modo,
as medidas que seguem certamente trarão benefícios para qualquer instituição
que se disponha a implementá-las:
·
Mudar postura dos dirigentes e trabalhadores para os aspectos
identificados.
·
Incrementar a cordialidade e a fraternidade no relacionamento com as
pessoas.
·
Pesquisa sobre satisfação com os frequentadores.
·
Oferecer modelo de Carta ou folheto apresentando o Centro para os
vizinhos.
·
Melhorar a comunicação visual (placa, mural, cartazes).
·
Realizar palestras com oradores selecionados.
·
Realizar apresentação de filmes com comentários.
·
Implantar seminários e cursos rápidos.
·
Melhorar a aparência (limpeza, pintura, fachada, jardim).
·
Criar um Serviço de Informações para os novos frequentadores.
·
Criar ou melhorar um Serviço de Atendimento buscando ouvir os
frequentadores.
·
Criar ou melhorar homepage.
·
Criar um serviço de receber os comentários, críticas e elogios.
·
Renovar o conteúdo e a forma de ministrar os cursos.
·
Pedir a participação de todos na elaboração de conteúdos e apresentações
dos trabalhos.
·
Aproveitar os médiuns psicógrafos, incentivando o exercício dessa
mediunidade, exercendo análise, direcionamento e utilizando o melhor conteúdo
para divulgação.
·
Criar Centro de Estudo reunindo aqueles que já concluíram os cursos
existentes para trabalhos em grupo e aprofundamento de temas.
A falta de crescimento é um indicador importante que não deve ser
negligenciado para fazer jus a responsabilidade intrínseca da gestão da casa
espírita. Criatividade, inovação e interesse pelo próximo são elementos
renovadores que tornam o ambiente propício a novas atividades e estudos com
melhor acolhimento e resultados. Assim como crescemos em conhecimento e
sentimentos, a instituição também deve acompanhar a evolução dos seus
participantes.
Ivan Franzolim (escritor e comunicador espírita; membro da ADE-SP)
Fonte: Correio Fraterno Nr 449 - Jan/Fev 2013
Autorização concedida pelo autor através de e-mail de 28/02/13